Todos temos inimigos. Os que fingem que não têm, são os que mais têm, ou temem admitir para não atrair maus augúrios. Sim, talvez nossos maiores inimigos sejam nós mesmos. Sem pieguice ou vigarice, a verdade é que nós, nossas convenções, cegueira, fome, sede, puerilidade, sonho, vontade, desejo, carência, adversidade, medo, egoísmo, paixão, cercam-nos de ideias ou imagens ou mitos sobre pessoas ou mundos ou sobre outras ideias de imagens e mitos que nos perdermos num diuturno apego e desesperança, no vão idílio de sermos aceitos, bem-vistos e, sobretudo, benquistos, amados, apreciados, ou pelo menos, lembrados. Fato é que nossas escolhas nos fazem e refazem, daí o porquê de nós sermos nossos inimigos. Não há sistema, nem o inferno é dos outros, nem o jardim deles é mais verde. O Woody Allen já vociferou em seu Crimes e Pecados que nós somos a conjunção de nossas escolhas. Então, não culpe os outros, como Sartre, ao dizer que o inferno são os outros. E somos nós nos outros, o olhar dos outros ao retornar para nós é o nosso vislumbre, nosso vesgo ser meditando e principiando ideações e delírios. Inimigos e amigos temos. Alguns mais, outros menos. E nossos maiores inimigos, já sabem. Bem que isso está parecendo auto-ajuda, a la Paulo Coelho, mas o que me fez escrever isso, foi um de meus inimigos íntimos, coisa que todos têm, reitero, e me fez cantarolar o trecho da canção a seguir. Boas noites... e olhai a via láctea.
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso
Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia não é
Eu nem sei por que me sinto assim
Vem de repente, um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou
Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim
Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim