Milhares de gavetas abarrotadas de ideias e traças por aí. Não em vão as minhas seguem assim. Uma verdadeira jângal de criaturas, seres, impropérios, mundos, gritos, insônia, lampejos, risos e agonia. Não à toa, criam-se blogs numa tentativa de manter-se lido, conhecido, e quem sabe, reconhecido. Santa tartufice. Os velhos tempos, donde as calhas rodas pessoanas não voltam, tinham seus pastiches, pasquins e folhetins, ou até folha ou gazeta do colégio. Tempos outros, desvarios eternos. Seguirão aqui, sem pretensão nenhuma da Academia ou do Pulitzer, tampouco o Nobel - existem ghost writers melhores para isso - , então, como dizia, seguirão aqui versos, gritos, desmandos, despachos, contos, crônicas, relatos de viagem, críticas de filme, livro, resenhas e outras tessituras rocambolescas. Que niilismo é esse, meu filho? Pai, perdoa, ele sabe o que faz. Enfim... O primogênito que não o é no mundo das gavetas.
SEDE
Dá-me um litro de poesia
Dá-me uma litania
Espasmos de epifania
Que palavras
Quantas palavras são precisas
Para se caber em um litro de poesia
Em algum quando sem como
Um litro apenas
Um quilo deve ser muito
Um litro é líquido pesado
Como o vinho que evola
Que esquece a uva e o campo
Como a estampa que esquece
O algodoeiro ressequido
Na caatinga
Como a castanha em latinha
Desdenha o caju morto
Em bagaços
Em compotas
Mal-comportadas
E mal-distribuídas
Ah, tudo isso não vale um litro sequer
Um litro pelo amor de Baco ou do bêbado
Da esquina
Que morre por isso mesmo
Sem poesia que o ampare
Ou lhe mate a sede
Amigo Lucieudo,
ResponderExcluirSeus escritos refletem as agruras contemporâneas do homem...
Suas letras bailam de máscaras em torno e para a contradança com a poesia do universo...
Seus versos gritam, gemem, sussurram delicadamente agressivos para a treva e para a luz...
Algo assim barrocamente moderno:
Eis um espaço para a poesia/política/cultura/crítica/ciência...
Um brinde para todos esses momentos de epifanias extravagantes, dionisíacamente extravagantes.
Macbeth.