terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Paris e o fim do mundo, ou o começo do meu


Conheci Paris em 2005, digo, passei uma semana em Paris, porque para conhecer La cité des lumiéres, é improvável, impossível e básico demais uma semana. Quiçá, quando a correria é grande. Conhecer outras capitais naquela ocasião, além de me deixar exausto, deixaram-me nauseado, sofrido, insatisfeito. Sem delongas, refiz o trajeto Fortaleza-Lisboa-Orly-Paris ano passado, quando tive o privilégio de descortinar mitos e lugares, e claro, passar o tal reveillon (étimo originariamente francês) nos Champs-Elysées. Confesso que fiquei algo decepcionado, haja vista meu currículo parco, mas contingencial de outros reveillons em outras plagas. Bem, Paris é uma cidade do mundo, talvez uma das mais cosmopolitas, apesar da xenofobia debaixo do tapete, é a capital da moda, dos museus, dos cafés, dos boulevards, dos parques, dos eternos amores, das alegorias infindas do romantismo, do realismo, do gótico, das luzes e do cinza de seu céu que não finda em nossos olhos, mesmo fechados ou etilizados. Por proibição de órgãos de segurança do governo, fora proibido o ribombar de fogos ou quaisquer outras pirotecnias; entenda-se segurança internacional e risco de ataques terroristas. Porque num grande evento como esse, para Al Qaeda ou congêneres, bombardear la Tour Eiffel, o Arco do Triunfo, para citar apenas os pontos mais visitados, e onde "festas" foram promovidas, seria um luxo (eles não sabem o que é isso), seria um caminho fácil para transar as uris. Não sou afeito a shows pirotécnicos, bombas e essas piromanias todas, tenho minhas razões psíquicas e outras sociológicas, mas adoro as luzes. Demorei anos para distinguir o som de uma bomba de um estampido de uma arma de fogo. Enfim, o fim do mundo propalado pelo islã e seus asseclas, além de outros niilistas apregoadores do terror, me fizeram ver um reveillon, depois de anos, sem fogos - fato interessante -, animado, sem bandas de axé e outras firulas, sem paredões de som ou pagoderias. O fato é que tive um reveillon desejado, cheio de luzes, com árvores nêonicas brilhando de ponta a ponta da avenida mais famosa do mundo. Árabes existiam, desfilavam chineses, japoneses, coreanos (não sei ainda destacar a diferença, ao primeiro olhar, entre eles, e você?), italianos, protugueses, africanos (muitos, o elefante branco do governo de sarkozy e dos próximos) e claro, os peraltas e sambistas e afoguetados brasileiros. Lembro de uma horda marcando a feijoada do dia seguinte, enquanto eu me apertava em meio ao mundo todo ao meu lado, e na época, minha amada, ao sabor de um bom champagne (estava podendo). Sim, já disse, Paris é a cidade dos amores. Mas essa é outra história. Para encurtar, escrevo sobre isso, pois estamos na época de novos ribombares e shows pirotécnicos. Tia Lu promete shows sub-aquáticos na Praia de Iracema. Sorte nossa e de nosso dinheirinho. Outra história também. E meu mundo começa, ou meu regresso ao mundo internauta, com essa reminiscência; e como todo ano, ou dia, a gente deseja algo novo ou pelo menos pede aos búzios, cartas, agiotas e deuses, algo de novo, resolvi retomar aqui história e estórias, desejando a todos que aqui aparecerem, e os que não aparecerem, que se li..., digo, que se reinventem também, e tenham um ano maior, melhor e mais bem pago. Afinal, quero voltar às "Oropa" ano que vem, e sei que alguns que conhecem, almejam lá regressar, ou pelo menos conhecer. Abraços fortalezenses com sabor de queijo coalho. O camembert tá caro...

Um comentário:

  1. "Respirer Paris, cela conserve l’âme."

    Nesta pequena frase Victor Hugo traduz perfeitamente a cidade. Realmente Paris não precisa de fogos, nem mesmo da luz que lhe é intrínseca. Paris tem alma e só quem consegue sentir é quem foge dos roteiros prontos das agências de turismo e decide flanar por suas ruas estreitas e extraordinariamente encantadoras, respirando sua história em cada ponte, em cada arquitetura. É preciso se estar com a alma e o coração abertos para verdadeiramente conhecer Paris. Pela sua descrição acho que em você, ambos estavam escancarados!
    Gostei do Blog. Ótima indicação da Olga. Super!
    Voltarei mais vezes...
    A bientôt!

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