segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

De monstros e abismos






















Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você.
(Nietzsche, aforismo 146, Além do Bem e do Mal).

As atrocidades, atitudes e mentes corruptas, a barbárie assassina, drogas lícitas e ilícitas no (i)lícito prazer de sermos outros, a vingança tosca policialesca, a abissal distância que nos separa, a falta de senso, de escrúpulos, o excesso de hipocrisia, politicagem, caixas 2, a nossa história de piratas e preguiçosos pensantes, de dissonantes elitistas e bigodudos barrigudos coronéis, nossas mãos atadas e cegas como a justiça, que é cega por interesse, o câncer social, o abismo em que deixamos ou rogamos nossa vontade, desejo, sentido, busca, sonho, idealismo, mistério. E o espelho nos devolve um cotidiano farsesco, de cujas impressões colhemos dores, desatino e desvario. E é isso ainda um homem, como gritaria Primo Levi, das sombras de Auschwitz? Ou o homem, este homem que matou deus, é morto, anda morto, vive morto, como vociferaram Nietzsche e Foucault? Onde iremos nesse modos operandi? Que queremos com nosso discurso de paz, que engendra visões mínimas sobre uma verdade máxima e condescendente, paixonite cristã, cegueira anti-filosófica? A arte, meus amigos, a loucura, a pílula do esquecimento, a ruína, o isolamento ainda maior? ONGs, mais interesses, ondas de mais casuísmos e fisiologismos patéticos? A crucificação midiática, o reino surrealista maniqueísta das políticas e das polícias? As éticas modorrentas e malcheirosas, exalando mais morte, mais culpa e nunca o entendimento? Há ainda um mundo como fala o sr. Bizarro, inimigo do Super-homem, o seu alter-ego tosco, mal-encaixado, que não sabe falar nem ser direito, mas sentir? Um mundo quadrado, onde encontraremos lar e fuga, fogo e aceitação, afeto e compreensão. O mundo quadrado. Ou esse mundo é esse com nosso sadismo de inventar outros aléns? O sonho pueril e iconoclasta ante o Horror, o horror, o horror. Amen, eli, laba sabbactâni. Nós sabemos o que fazemos, sim, nós podemos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário